Autonomia e resistência

Autonomia e resistência no campo da arquitetura

Júlia Carreiro

Como poderia uma arquitetura radicalmente abstrata se manifestar como uma forte expressão de uma série de escolhas que não pretende ser espetacular, mas que aspira ativar certa consciência e debate sobre as forças e relações que compõem as dinâmicas da cidade contemporânea?

O objetivo deste trabalho é debater a forma arquitetônica como um instrumento de confrontação à lógicas econômicas da urbanização, entendendo que a criação de limites que é intrínseca à criação da forma é um gesto político de separação e entendimento do meio em que está inserido. O objeto arquitetônico como representação de um entendimento de cidade como espaço de significado, de caráter cívico do encontro e do confronto. Uma intervenção em larga escala que aborda a discussão sobre uma nova monumentalidade, que em vez de mero ícone, sugere uma reafirmação do poder simbólico da cidade sobre a imanência genérica e alienante da urbanização.

Essa investigação aterrissa no centro do Rio, reconhecendo sua condição urbana atual de submissão às lógicas econômicas de consumo, seu caráter histórico de representação pública e política, e a potencialidade do desenho monumental da Avenida Presidente Vargas como base de investigação de ativação cívica através de uma nova camada temporal de desenho de cidade através da forma arquitetônica.